sábado, janeiro 06, 2007

Vão-se catar.

Devia ser mais egoísta, mais maldosa, mais despreocupada? Não me parece. Tenho que ser mais egoísta, mais maldosa, mais despreocupada? E quem és tu para saber o que eu tenho que ser?! Senhor do mundo e do conhecimento supremo. Possuidor da chave da felicidade... E se eu já for feliz assim? Sou feliz porque me ensinaram que ser feliz é isto? E não somos todos felizes ou infelizes de acordo com aquilo que julgamos ser a felicidade? Ora bolas, até parece que tu nasceste numa ilha deserta e foste criado por coiotes para saber como eu seria se tivesse nascido! Também tu julgas que a tua maneira é mais correcta por teres obtido bons resultados (?) agindo dessa forma! Mais egoísta, menos egoísta... e se a minha escala de prioridades estiver por outra ordem? E se eu for conformista e cobarde? Não somos todos, de uma forma de outra?! Ah, mas assim estou a impedir-me de viver... Não estás tu também? Não vives pelas mesmas regras e proibições gerais que eu? Não foste nascido e criado entre pessoas como eu? Podes sempre ir viver para uma tribo numa qualquer ilha perdida no pacífico, se achas que eles não têm regras, tabus, prioridades... Ou com os coiotes. Ou numa ilha deserta. Se eu devia ligar menos às pessoas, como podes tu querer ensinar-me isso? Se eu aprendesse, estaria já a ligar ao que dizes. As pessoas precisam de regras, eu preciso de regras. Orientações, qualquer coisa em que acreditar. Ah, pois, foi o que me disseste... E se eu quiser acreditar em mim? Não é lá muito original, mas á falta de melhor é o que se arranja. E se eu quiser acreditar no que me faz mais feliz? E se eu quiser ser optimista? Não me parece que vivas mais nem menos que eu, nem que estejas mais ou menos preparado seja lá para o que for do que eu. Também tu tens os teus muros, nem que sejam disfarçados pela presumida ausência dos mesmos. Eu não tenho as tuas experiências nem os teus medos. Talvez venha a ter, talvez esteja meramente a ser ingénua. Deixa-me ser feliz e acreditar que sei! Talvez um dia caia como tu, do alto do mais alto castelo que alguma vez sonhaste edificar e ganhe medo e uma independência forçada das pessoas. E talvez até descubra que assim sou mais livre e tenho os olhos mais abertos. Mas por enquanto sou feliz assim, e sou conformista e cobarde em não querer espreitar o desconhecido por medo que seja pior.
Se eu tivesse nascido e vivido sempre sozinha numa ilha deserta não precisaria de pessoas? Talvez, mas também nunca poderia confirmar se estaria melhor ou não com elas.
Não tendo nascido numa ilha deserta preciso de pessoas. Será que estaria melhor sem elas? Não me atrevo a descobrir.
E sabes que mais? Não me parece que vá ter de escolher.

1 comentário:

M disse...

E fazer as pessoas engolir as próprias palavras? Confessa que te dava um certo gozo...