domingo, dezembro 01, 2013

A Crise e o Peter Pan

Os desenhos animados bem avisavam que andavam aí vilões a querer roubar o Natal.

domingo, julho 21, 2013

When am I ever going to going to grow up (or down) to be able to act the age I actually am?

sábado, junho 29, 2013

Paris

Fala-se tanto de Paris, eu nunca adorei Paris. Talvez não tenha sido suficientemente feliz das vezes que lá estive. Da primeira deram-me uma casinha de polly pockets e cortaram-me o cabelo. Da segunda preferia ter ficado em casa e ido sair com os meus amigos, em vez de ser uma menina bem comportada e jogar jogos de palavras no carro durante horas intermináveis com os pais e um miúdo pequeno. E sem telemóvel.

A casa do meu avô era pequenina, escura, tinha uma cabine de duche funda como uma banheira e a sala tinha uma janela que dava para a entrada do prédio, para controlar quem entrava e saía. Nós dormimos no sótão do prédio, numas arrecadações ou coisa parecida que faziam de quartos para alugar a imigrantes. Era escuro e metia medo. Num dia fomos à Disneyland, outro à torre Eiffel, e num deles fomos a casa de uma senhora que devia ser da família, usava imenso perfume e nos ofereceu chá demasiado doce em chávenas brancas e douradas. Era simpática, falava muito e chamava chérie a toda a gente. 

Lembro-me sempre de pensar onde andavam escondidos os parisienses todos, porque só via pessoas sem ar de serem de lá.
E dos prédios serem baixos e as ruas cinzentas claras, com muitas àrvores e muitos cães. Aliás foi por isso que me lembrei. Vi uma fotografia de Paris, que não era da torre Eiffel, nem das galerias Lafayette, nem dos Champs Élysées; era de uma rua normal, com prédios baixos e pedras cinzentas e àrvores. E de repente cheirou-me a Paris. À casa e ao rio e a algodão doce e ao perfume da senhora e acima de tudo àquele cheiro próprio que cada cidade tem e de que eu já não me lembrava. 

sexta-feira, junho 28, 2013

the iguana will bite those who do not dream


- in Waking Life

Calor

Na última semana de Junho de 1994 estava um calor abrasador, com noites como a de hoje.

Estou deitada no chão da sala, de janelas e portas abertas e parece-me que nunca estive mais confortável, com o calor a envolver-me e a brisa a correr entre janelas por cima de mim. Foi exactamente assim que dormimos nessa semana, no chão da sala por baixo da ventoinha de tecto, de janelas abertas, com o zum zum de uma mota na avenida de vez em quando. Excepção feita, claro está, à minha mãe que, adepta de colchões dignos desse nome e muito grávida, acabou sempre por ser a única a dormir na própria cama.

Em 1994 a Olá tinha gelados de iced tea lipton, a TVI passava desenhos animados bíblicos em vez da Casa dos Segredos e o Farense não só ainda pertencia à 1ª divisão como se qualificou para a taça UEFA. A internet era uma espécie de rede de partilha de documentos altamente obscura só para cientistas, o criador do Facebook ainda brincava com carrinhos e ninguém imaginava que vinha aí uma crise.

Não sei onde vamos estar daqui a outros 19 anos, mas desde que não seja na mesma acho que não me importo. A propósito, parabéns.

segunda-feira, maio 06, 2013

Filosofia suína

Há coisas que te mudam, que te torcem, que te matam. Ficas velho e nunca te esqueces. Ou será por nunca te esqueceres que ficas velho? Bem, ficas velho. Precisas de... sei lá. De um anti-rugas para a alma. Ainda não se fazem plásticas dessas? Gostava tanto de voltar a nascer, de nunca ter sido danificada por nada. De não achar que mereço tudo o que me foi acontecendo. Costuma-se dizer que se deixaste, mereceste. A sério? O porco de onde veio a bifana que comi ao almoço mereceu? Qual era a alternativa do porco? Fazer bifanas de talhante? Se o fizesse deixava de ser abatido por ser nutritivo e passava a ser abatido por ser perigoso. Conclusão, o porco nasceu porco, e daí ia sempre foder-se, não havia nada que pudesse fazer para o evitar.


Há dias em que só digo porcarias.